Quando passaste pelo meu olhar

Quando passaste pelo meu olhar,

O mundo todo parou de girar;

Quando, ao te ver, comecei a gritar,

Pois vi tuas pegadas a brilhar.

Um traço de glitter, de luz, deixado;

Corri pra lá, quase atropelado;

Cai-me sobre aquele chão dourado,

Admirei-me: estava apaixonado.

Olhei para frente, horizontal,

Foi como livrar-me dum morcegal:

Pus enfim um fim à dor racional,

E corri a ti como animal.

Estavas longe, porém o teu cheiro

Fez dourado teu caminho inteiro.

Fiz encontrar-te motivo primeiro!

Teu nome berrei feito um carneiro!

Como falcão, adiante, então,

Segui a ordem de meu coração:

Brilho teu guiando minha visão,

Minha garota cor de faisão!

Chegou ao túnel, cavei um buraco,

Embaixo estava teu passo dourado.

Feito topeira, eu fui muito rápido,

Eras o meu objeto sagrado!

O fim do túnel, início do mar,

Como um urso pus-me a nadar,

Ondas em teu brilho a se quebrar

Mostraram o poder do seu andar!

Fim de toda água, era deserto...

Igual a um camelo fui esperto,

Tu, meu oasis, ficando mais perto,

Só animava meu peito inquieto!

Levaste-me, enfim, ao pólo norte,

Só o teu brilho envitou a morte:

Mostraste-te de novo minha sorte

E continuei com meu passo forte!

Quanto te alcancei... ó meu Deus do céu,

A vida teve aspecto de mel:

Como se sumissem dos olhos véu:

Circundamos o mundo, oh, anel!

Fez-se então do teu ouro um calor,

Todo o brilho virou uma flor.

Vi finalmente teus olhos, e a cor

Era, pasma, a cor de teu amor!

23/10/2016

Malveira Cruz
Enviado por Malveira Cruz em 23/10/2016
Reeditado em 23/10/2016
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