TARDE DE VERÃO

Eu estava á toa na vida

Conspirava contra mim

Com um sorvete na mão

Meus olhos a encontram,

Era uma deusa de azul

Perdida entre céus e solidão

Tinha as pernas cruzadas

Mostrava atributos,

Chamava atenção

Os olhos no amanhã,

Seus cabelos ao vento

Uma escultura de Rodin

Notou meu olhar,

Sorriu levemente

Meu pobre coração

Bateu freneticamente

Ouve química, pude sentir

O bater descompassado

De ir, de ficar e não vir

Ela sacou a situação

E todo meu descompor

Apertou seus lábios,

Em sinal de aprovação

Havia uma cova no sorriso dela,

Que fazia ainda mais bela

Aquela tarde de verão

Subitamente, chegou alguém

Ela ficou constrangida

Saiu com os passos tortos,

Ligeiramente aturdida

Metros adiante, sem ensaio

Olhou-me sobre os ombros,

De soslaio,

Meus sonhos incendiaram-se

Meus olhos seguiram suas curvas

Petrificado, perdi a noção

Nem notei

Alguém pedindo-me um endereço

Nem o sorvete, derretendo na minha mão.

Você não acha que eu tinha razão?