Dama de Meraki

Dizem que a melhor parte de mim

não se parece comigo. Não que isso

faça algum sentido é que, às vezes,

me pergunto – quem somos nós?

Há tempos não me reconheço mais. Não

sei como esse sorriso veio parar aqui...

Quando acordei estávamos juntos!

Devo imitá-la? Pensei. Ao meu modo, conclui.

Tão decorosa a reverência que reclama a tão

nobre e amável criatura que habita este ser!

Vejo doçura em teu charme, seda em teus lábios e

graça quando em teu salto de arranha céu se faz

Dama de Meraki. Mas teu melhor adereço está do

lado avesso. Não tem etiqueta nem tem preço!

Minha beleza, tachada por este rosto impiedoso que

ousa roubar meu disfarce, acusa me das noites que,

ainda acordado, orei por ti e disse, muito obrigado!

De protagonista tornei me espectador dos contos de

uma personagem rara, cuja qualidade e conteúdo são

mais ricos que a soma de minhas maiores composições.

Quem quiser me ler verá que há mais dela em mim

do que eu em milhões de páginas em branco, pois é

ela quem me preenche quando estou vazio...

E é ela, somente ela, quem me derrama, quando

estou cheio de saudade..

Autor: Augusto Felipe de Gouvêa e Silva.

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Poeta Curitibano
Enviado por Poeta Curitibano em 14/10/2016
Reeditado em 04/01/2017
Código do texto: T5791040
Classificação de conteúdo: seguro
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