CLARISSE
Não me foi possível continuar a fuga.
Tentei afugentá-la de meus pensamentos,
mas foi tudo em vão.
Por todos os lugares por onde andei,
ela esteve presente em meus pensamentos
com aquele mesmo sorriso amável.
Não sei o que teria sido de mim,
se acaso eu não tivesse refletido
um pouco mais e resolvido a voltar.
Volto...
E se volto é por que a amo muito.
Que valor teria minhas conquista?
Quão vãs seriam minhas vitórias
sem o conforto de seus abraços?
E é com uma alegria doída
que me vejo aproximar do cais.
Desço do navio e vejo uma linda mulher
dentro de um vestido amarelo canário,
a esperar ansiosa por mim.
Dispenso as malas no chão
e faminto de grandes desejos,
abraço saudoso a Clarisse
que ainda traz os olhos úmidos
de alegria por me ver voltar.
Tomo a em meus braços e a aperto
fortemente contra o peito.
Sinto seu coração acelerado
batendo descompassado.
Não tenho palavras para expressar
esse nosso reencontro.
Não consigo reter as lágrimas
e numa violência de ternura,
cubro à de beijos e carinhos.
Fecho os olhos e deixo me levar
pelos pensamentos que me embalam.
Se eu não tivesse voltado,
o que seria de nós dois?
Estação do Cercado (MG), 09 de abril de 2013.