CLARISSE

Não me foi possível continuar a fuga.

Tentei afugentá-la de meus pensamentos,

mas foi tudo em vão.

Por todos os lugares por onde andei,

ela esteve presente em meus pensamentos

com aquele mesmo sorriso amável.

Não sei o que teria sido de mim,

se acaso eu não tivesse refletido

um pouco mais e resolvido a voltar.

Volto...

E se volto é por que a amo muito.

Que valor teria minhas conquista?

Quão vãs seriam minhas vitórias

sem o conforto de seus abraços?

E é com uma alegria doída

que me vejo aproximar do cais.

Desço do navio e vejo uma linda mulher

dentro de um vestido amarelo canário,

a esperar ansiosa por mim.

Dispenso as malas no chão

e faminto de grandes desejos,

abraço saudoso a Clarisse

que ainda traz os olhos úmidos

de alegria por me ver voltar.

Tomo a em meus braços e a aperto

fortemente contra o peito.

Sinto seu coração acelerado

batendo descompassado.

Não tenho palavras para expressar

esse nosso reencontro.

Não consigo reter as lágrimas

e numa violência de ternura,

cubro à de beijos e carinhos.

Fecho os olhos e deixo me levar

pelos pensamentos que me embalam.

Se eu não tivesse voltado,

o que seria de nós dois?

Estação do Cercado (MG), 09 de abril de 2013.

Tadeu Lobo
Enviado por Tadeu Lobo em 13/10/2016
Código do texto: T5790866
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