Lúdico, é o meu abraço.
Talhando os grãos de arroz,
Fui silenciando o querer
De ser alguém que se dá
Pras coisas do sentimento.
Os temperos são de incolor
E a cada mastigada
Um terço de minha vida acaba.
Tudo me desce como pedra.
A comida é amargurada,
Como apenas para assegurar-me,
Afinal ainda preciso do corpo.
Depois da janta,
Saí de meu subterrâneo,
Parei sobre a orla devagar,
Enquanto alguns violeiros,
Descreviam a vontade.
Anotei, sobre um pedaço de papel
O mal dia que tive,
E o quanto que as coisas,
Mesmo as de maior beleza,
Deixam-me com indigestão.
No fim da noite,
Volto pra minha antiga casa,
Deito na cama desajeitado,
Olho para o teto iluminado,
E imagino.
Pra ser sincero,
Estou no infindo rio,
Fazendo coisas de redor.
Estou andando em frente
As coisas que apaixonam,
Mas pode ser que eu
Que não atento,
Só me nublei a esse céu.
Já conheci algumas pessoas
São todas do impulso,
Todas de forma similar.
Parecem-me felizes.
Porém, em minha imaginação
As mais visualmente alegres
Escondem tantas tolices,
Que nem sei conta-las.
A que me chama atenção
Tem os oculos borrados
E as mãos indiferentes
Pela imensidão que é.
Sequer fala de qualquer,
Sem apreço até por si.
Está sentada num banco,
Quieta e sucinta a fracassos,
Me dá algum medo.
Coube a mim ficar
Tentando me aproximar.
E quando consigo,
Parece-me tanto a uma imagem,
Que há de vir,
Nessa noite indesejada,
Para me envolver com os braços.
Quis te conhecer,
Não fui apenas um trivial gentil.
Talvez fora uma crueldade ir,
E sair para longe o bastante
Pra me deixar sem paladar.
Mas quando a achei,
De tanto fui pro apego,
De tanto fui pra saudade
Que talvez quero voltar.
Logo, lembro que a mente
É um retrato deste entusiasmo.
Se pensar bem,
Posso a ter na cadeira a frente,
Dizendo-me sobre o eterno retorno.
Nesta hora,
Viro e consigo dormir.