Coxias
sobrevivo nas coxias
dos teatros antigos.
pontuam saudades
nas poltronas vazias.
no brilho dos sapatos
vejo as horas e as flores
do inverno.
sabes das minhas virtudes.
nos palcos, Virgínia Wolf,
Clarice Lispector e Simone
de Beauvoir, falam por nós.
o tempo não devora meus olhos...
meus personagens descem pelos
muros dos presídios e atrás dos
altares.
não deixo livros e filmes nas gavetas.
eles são mais úteis nos cantos da casa.
há encontros nas cenas abertas.
ouço a plateia no segundo ato.
Nas páginas dos meus romances,
mocinhos e bandidos não morrem.
há espelhos entre nós.