Análise Subscrita
Será poesia o que escrevo apaixonadamente?
O que me deixa em transe e me transcende?
Causa rebuliço e quase estropia minha mente?
Incendeia de súbito minh’alma incandescente?
Serei poeta ao antegozar um verso premente?
Cantar aos ventos uma paixão que transborda?
Gritar, gritar a plenos pulmões e internamente?
Teimar intimamente o que o coração concorda?
Ah, parceria minha que tal estigma atormenta
Critique-me o algoz se a paz agora me algema
Ou a dor me dilacera e por acaso me fomenta
Se a razão do meu viver não for viver um poema!
Me entregue, portanto, às resenhas mais severas
Se não me esquivo de indagar sobre meu intento
Jogue-me em meio às mais sangrentas das feras
Só me deixe intactas as linhas do meu pensamento