Análise Subscrita

Será poesia o que escrevo apaixonadamente?

O que me deixa em transe e me transcende?

Causa rebuliço e quase estropia minha mente?

Incendeia de súbito minh’alma incandescente?

Serei poeta ao antegozar um verso premente?

Cantar aos ventos uma paixão que transborda?

Gritar, gritar a plenos pulmões e internamente?

Teimar intimamente o que o coração concorda?

Ah, parceria minha que tal estigma atormenta

Critique-me o algoz se a paz agora me algema

Ou a dor me dilacera e por acaso me fomenta

Se a razão do meu viver não for viver um poema!

Me entregue, portanto, às resenhas mais severas

Se não me esquivo de indagar sobre meu intento

Jogue-me em meio às mais sangrentas das feras

Só me deixe intactas as linhas do meu pensamento

Rui Paiva
Enviado por Rui Paiva em 11/10/2016
Código do texto: T5788270
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