LÁGRIMA DE ZIRCÔNIA

Deito só mas não sozinho.

Tua presença assalta meus sentidos

E sonho.

Sem pedir licença o orvalho da noite acumula

Sobre meu rosto e escorre.

Martiriza-me a lembrança de haver dito a frase errada.

“Eu quero você pra mim” é uma frase egoísta.

Diz o que quero, mas não diz porque quero.

A frase correta, a frase atravessada,

A frase que me desnudaria e por isso mesmo

Deixar-me-ia inteiro e visível

Seria: “Eu amo tudo em você”

E porque eu amo tudo em você

Eu quero você pra mim.

Pela manhã o orvalho da noite já cristalizou-se.

Recolho entre os cristais uma lágrimas de zircônia.

Darei a minha amada essa lágrima morta e fria.

Realidade palpável de uma dor quase sadia.

Não pedirei desculpas por ser poeta.

Pedirei por não saber matar-te dentro de mim.

Como mata a tua ausência

A única roseira do meu jardim.

**Harleci Rodrigues**

harleci rodrigues
Enviado por harleci rodrigues em 09/10/2016
Reeditado em 22/10/2016
Código do texto: T5785986
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