um amor do passado
fechei a boca em nó cego
engoli o grito
partida a fruta em pedaços
devorado o som e o riso
a vida segue ao infinito
fechaste a palavra
fiquei ao desamparo
enrolada naquela manta
que o teu carinho me trouxe
naquele dia tão claro
o que eu chorei talvez
nem fosse a dor de te perder
talvez fosse mesmo
descobrir que a dor
é parceira do bem querer
a borboleta voou desarvorada
para a flor de cactus
feriu as asas
ficou magoada
no fim do primeiro ato
aquelas mangas caídas
eram meus sonhos
já sem vida, que triste
na tua cama, minúsculas mariposas
velavam meu sono
Carregamos hoje um do outro
pedaços do que um dia fomos
já não pesa a saudade
a lua cheia é só encanto
podemos amar sem danos!
Revelo as palavras que não disse
agora fruta inteira que sorri do medo
posso amar os dias e as noites
que te guardam
te amar na luz da mesma lua
te escrever em outro enredo!