Da inquietude do Amor

Quando sentires um círio crepitando no peito

Um ardor esfuziante e inapelável

Talvez te perguntes ao teu jeito:

Que sucede? algo me queima de modo afável

Combalida dor me entorpece e me esmaga

Me entontece e me revalida

Dá sentido a minha vida

De sabor ora doce, ora amarga?

Meus olhos capturam um lago esfumando em um cerro

Gris de ovelhas tilintando seus chocalhos

Minha alma perece na clausura, em um desterro

Meus sentimentos pendidos em galhos?

Sou anfitriã de visitas entediantes qual a saudade

Sacode-me o espírito das veleidades o batel

Suscita-me rever com inenarrável ansiedade

O que de beijos me abarca, me cinge como um laurel?

Bebo da fonte que me sacia, do fel que há de me enojar

A correnteza de um rio abranda a dor que me castiga

A lua em meu quarto chega a se alojar

Uma vontade insana de colher estrelas me instiga?

Rui Paiva
Enviado por Rui Paiva em 03/10/2016
Código do texto: T5780276
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