Platônica

Por que o seu vigor me entorpece a alma?

Fazes-me cambalear no transe de suas órbitas e alucinar caminhos de encontro a ti

Encolhida nos prantos do meu âmago, resta-me, alucinada, procurar conforto no encosto cálido de sua tez

Esbarro em teu corpo, para experimentar uma passagem curta próxima a ti

Alvo, és tu a torrente, o trovejar, o resplandecer incólume da avalanche do ser

Preenche a essência das lacunas da minha alma

Despercebida, viro a cabeça à direita e reconforto-me com a tua visão

Se ri, me ilumina, enlaça

Se soubesses tu o burburinho interno que me causas

Contento-me, porém, com a admiração longínqua, desejando que tropece no meu ser