UM CAFÉ E UM BEIJO
O café era nossa desculpa para um beijo.
Você chegava elegante no vestido de bolinhas
(Ou na sua versão sulista:
Tu chegavas elegante no vestido de bolinhas).
Uma xícara ou duas,
Sem açúcar, pela vaidade,
E, por fim, o beijo.
Um beijo era tudo o que você queria,
(Ou na sua versão porto-alegrense,
Um beijo era tudo o que tu querias).
Então falávamos do tempo, de Maria,
Dos abusos da burguesia,
Até que, enfim, chegava a hora de partirmos.
Cada um seguia seu caminho,
Você no seu carrinho carmim,
Apressada pela barulheira, fugindo da algazarra da cidade.
Quando você chegava em casa
(Ou no seu próprio dizer:
Quando tu chegavas em casa),
Já era tanta a saudade que meu telefone
Em um instante tocava.
A voz encabulada e meiga:
- Oi!