UM LIVRO DE PLATÃO

Eu era um coração abrasado querendo acender,

Ele foi a chuva torrencial que não só me apagou, mas me afogou,

Então corri no caminho de volta para minha casa,

O vento esfriava minha pele, o vento me deixava com frio, o vento me secava.

Sem querer olhei para o lado, e você, desconhecido, estava me olhando,

Você segurou em minha mão, eu senti sua brasa acender,

Mas por dentro eu ainda estava molhado,

Não sabia se eu dava um passo à frente ou recuava dois.

Antes de você ouvir das coisas sobre meu passado,

Você sentiu que alguém tinha me afogado,

E antes de eu confirmar qualquer coisa sobre a dor,

Você decidiu ser um sol no meu interior.

Os babacas ensinam que as brasas são pagadas,

Te destroem por dentro e te largam magoado,

Mas todo conto de fadas existe um príncipe,

Que te acende novamente, e ascende teus sonhos.

Corra até seu espelho, veja, você não foi errado,

É que você é como um livro de Platão que um tolo não pode compreender,

Mas isso não importa mais, quem te afogou sempre fica para trás,

E no fim sempre há um príncipe que compreende suas entrelinhas e te interpreta em um olhar.

Leonardo Guimarães Rosa
Enviado por Leonardo Guimarães Rosa em 25/09/2016
Código do texto: T5772521
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