PARA SEMPRE AMOR
o amor não segue um ponto cardinal
nele não há sentido
esquerda direita leste oeste
não há direção que o moleste
o amor não tem voz nem idioma
mas fala pelas flores
ele é a causa da sua própria consequência
é ao mesmo tempo parte da libido
e o todo da inocência
no amor não há miséria
tudo o que se acumula abre mais espaço
o sintoma é o placebo da sua cura
a indiferença relevante que exprime sua ternura
o propósito do amor não se justifica
o seu solitário objetivo não se traduz
são laços com nós e ímãs nus
o amor não vai para o sul
não vai para o norte
nem fica
o amor é seguido pelos pontos cardinais
escreve com a fumaça dos sinais
não se convence fácil com o desapego
revela de uma só vez o que nunca será segredo
o amor é o tempo que não precisa e não dispõe de tempo
o amor não tem alma pois não se pode ter aquilo que se é