Prumo&proa
Ensopei
o tecido do meu corpo
com a enxurrada
d'agua de seus lábios.
Cada gota,
um tanto assim de você,
foi acumulada
debaixo da axila esquerda
que aquieta esse córrego
de querer não querer...
Suavemente
com a ponta da língua
foi estopando
as esquinas do corpo meu,
só seu,
cada parte estendida
no varal
da noite para quarar...
Uma correnteza
foi partindo de minha nuca,
eu nunca tinha sentido
escorrer pelo meu dorso
essa frieza morna
que me relaxa
a calma...
Ensopada
minha carne tremia
contraída contra a sua...
nós dois despidos contraíamos
os dedos entrelaçados
e num mergulho, na poça,
ficamos submersos
na correnteza
que nos consumia.
Era uma água dengosa
que me fazia canoa,
você, o meu rema a dor.
Marcus Vinicius