O Bilhete

Aquele bilhete,

que fora interceptado,

no tempo esquecido, apagado, rasgado,

quem diria que, após trinta anos,

seria por nós relembrado?

Mas... sequer lembro do combinado,

da segmentação de palavras; abreviações de escrita...

Então, te peço: - Me lembres, por favor!

Percebo tua estranheza em não me lembrar.

Não era um verso, nem um poema,

Mas, sim, poucas linhas, um pequeno esquema, um rascunho

que tinha por fim fazer nos encontrar.

Triste fim...

Mais uma vez se vai a razão

sem amor, sem emoção...

Não houve encontro, nem beijos e amassos...

O destino nos fez no tempo,

nada mais, nada menos, que dois irmãos,

Uma mistura de sentimentos.

Indizível emoção!

Impregnados para sempre

ficaram tais sentimentos;

lúbricas paixões...

Não soubemos ler em nosso olhar

algo implícito, mas, por nós explícito: O amor

como um vinho envelhecido,

Que eu bebo, e tu bebes, em silêncio,

como velhos amigos;

Irene Ferreira
Enviado por Irene Ferreira em 21/09/2016
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