Segure minha mão, abelha, o céu vem

Segure minha mão, abelha, por favor,

Nós vamos voar para um mundo distante,

Para nesse mundo não sentirmos travor

Será preciso olhar para frente, avante.

Deus nos chama. Chamou toda a humanidade.

Precisamos ir sem malas e sem saber

Das regras, sem conhecer a realidade.

Está a população dentro do mesmo saco.

Felizmente tenho comigo o seu abraço.

Veja as escadas de ouro, estão descendo.

Vieram buscar tudo o que nós conhecemos,

Tudo o que fomos, tudo desaparecendo.

Tudo o que tivemos nós nunca mais teremos.

Segure minha mão, abelha, por favor,

Pois sinto medo do que acontecerá.

Tudo será novo, tudo será pavor,

Não tenho certeza se nos perdoará

O Todo Poderoso, dono das escadas,

Juiz do Infinito, criador das fadas.

Eu seguro a sua de volta, prometo.

Então, abelha, não me solte, por favor,

Nós perderemos até órgãos e esqueleto,

A única coisa sobrando é amor.

Amor por você. Nem natureza restou.

Amor por você. Tudo desapareceu.

Amor por você. Nosso Deus tudo levou.

Amor por você. O resto já se perdeu.

A fila avança, logo seremos nós

A subir as escadas, mas nunca a sós.

A fila avança. Não para de avançar.

Mais e mais pessoas no caminho dourado.

Não solte minha mão, sua não vou soltar.

Abelha, preciso de você ao meu lado.

E sem abaixar a cabeça, nós seguimos

Ambos em frente, até chegar nossa vez.

Quando nos degraus pisamos, algo sentimos,

Finda-se tudo o que um dia alguém fez.

Você vai primeiro, eu vou logo atrás,

Ambos sentem crescendo pânico e paz.

A escada subindo, olhamos pra baixo,

Nossa velha casinha está tão pequena...

Atrás de você, suas costas eu abraço,

Esta aqui pode ser nossa última cena.

Vemos as nuvens mais próximas do que nunca,

Não são tão belas como seus negros cabelos.

Certeza, como eles uma nuvem não unda.

Abelha, eu nunca vou soltar sua mão,

Obrigado por não soltar meu coração.

O paraíso está a um par de metros,

Não fazemos ideia do que nos aguarda,

Mas se há por ali um futuro perpétuo

Quero passá-lo com você, minha amada.

Ergamos a cabeça ao desconhecido,

Nada diferente pode nos assustar.

Abelha, serei eu o seu melhor amigo

Enquanto minha alma viver, cintilar.

Vejo você sumir ao alvo paraíso,

Em seguida sou eu e começa o brilho.

19/9/2016

Malveira Cruz
Enviado por Malveira Cruz em 19/09/2016
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