Amor verdadeiro, só uma vez
Hoje a morte me chamou para dançar,
Chegou tímida, me olhando de soslaio,
Veio no cheiro da minha tristeza,
Ou no som das minhas lágrimas,
E aos poucos procurou o meu olhar com morbideza,
Mas não pude de frente lhe encarar,
Pois afinal na dança com a morte não existe sorte,
E minha hora ainda não quero,
Apesar do pensamento de encontrar você
É algo que realmente é sincero.
Ah, que falta que você vai me fazer,
Na companhia de quem, eu vou ver o sol se pôr,
Ou ver a lua surgir irradiando o anoitecer,
Um buraco que se abriu, buraco devastador,
Que não me engole, mas cresce a cada dia e se torna assolador,
Não fique com pena, nem se compadeça,
Porque a Tristeza pode ser má companheira,
Mas sua companhia trás a robusteça,
E a lembrança de ti é minha hospedeira,
Me alimenta, me move, me vanguardeira,
E a morte pode me tentar, pode vir me seduzir,
Por que aos seus encantos eu vou resistir,
Mesmo que me venha disfarçada, transvestida,
Venha de batom, véu, perfume e pervertida,
Não lhe darei espaço e farei com que saia do meu encalço
Pois sou teu e jamais serei de outrem,
Meu coração poderá até voltar a gostar de alguém,
Mas amar, pura e simples não haverá ninguém,
Porque amor assim, é uma vez que acontece,
E quem nunca amou assim, viveu em vão e perece.