CARNE, CHEIRO E CALOR
Gritos que se formavam no silêncio e buscavam transparecer em olhares mudos,
Desejos que não se diziam em palavras, tentando revelar nos segredos de cada beijo,
Sentimentos presos por vaidade ou na agrura do medo,
Um querer mais, aprofundar-se sem medo de afogar.
É como sentir paz em meio a tempestade,
Não padecer de sede no sol do deserto,
Como se a poesia pudesse ter carne, cheiro e calor,
E as rimas fossem unicamente poder ouvir o timbre de sua voz.
A cada toque de sua mão imaginar estar coberto por um manto de estrelas em noite escura,
E não entender os limites do universo quando a troca de olhar basta o mundo,
Decorando em uma mirada cada expressão que até ontem não se conhecia,
Extasiado de uma felicidade disfarçada por sorriso no canto da boca.
Como um barco em alto mar, sem motor, velas ou remo, mas não sentir pressa na salvação,
É como abraçar o céu do entardecer e colorir os sonhos de repousar a eternidade nestes braços,
Em carinhos açucarados que fazem as lembranças amargas desaparecerem,
Eram os gritos que se formavam no silêncio e buscavam transparecer em meus olhares mudos.