O AMOR DE AJULIA (SONETOS LIVRES)

O mesmo amor que dá flores puxa o punhal,

E esse amor que acode nos tempos de agonia,

Meu amor é angústia latrocina que arrouba dores,

Meu amor que não sei se em flores de morte tesa reza,

Valorosa mulher este punhal me apunhalou louco,

Esse sentimento chamado ciúme nunca será ruim?

O mesmo amor que dá um beijo corta a garganta,

E por pesadelo de enamorar-te tua face por traz do véu,

Esse mesmo fogo que atiça um espírito que grita-me,

Não queira a solidariedade da tristeza em dias estropiar?

Doravante esse mesmo punhal chamado adaga infeliz,

Desconstrói os mesmos luares do mel dum réu desejo vil,

O amor meu amor que eu clamo em palavras do Inferno,

Faz desta faca cega minha língua ferida parolar-me ao ar?

Pois o mesmo amor que cria a paixão é fogo de vulcões,

É essa loucura de fecundas palavras do pomo da maçã,

Que criou um poema de puros e desvalidos amores meus.