IMPESSOAL
Impessoal em todas as formas de se expressar,
Ausente de timbres reconhecíveis no escuro,
Escondido atrás de um espelho que desaprendeu a refletir,
Morto de medos, sufocado em suas angustias.
Todos um dia choraram e não há vergonha nisso,
Quem nunca machucou o dedo ao tentar colher uma rosa,
Jamais saberá que elas exalam um doce perfume,
E o local que ferido foi pode até sangrar, mas toda dor é passageira.
Um poeta escreveu que nada era para sempre,
Talvez sua caneta tenha esquecido das lembranças,
Que nos dias frio nos entregam suas mãos para um passeio,
Onde habitam as coisas que um dia foram, tristes ou felizes, refletindo-nos.
Um espaço entre os destemperos e os sonhos ainda não cumpridos,
Onde nos encontramos vazios em nós,
Em uma cúpula de vidro que mentimos ser o lugar seguro, nosso refúgio,
Mas desejando com desespero romper a parede e arriscar.
A construção a ser desconstruída, o menino por trás da imagem do super-herói,
Afastando a impessoalidade, um ser humano perfeito que nunca existiu,
Porque já descemos sem freio, quando ainda não sabíamos cair,
E levantamos chorando, sem antes ter provado essa força.
Sim, viajantes do tempo, aquele que julgamos às vezes perdido,
Cheio de marcas na alma, histórias que ninguém contou,
Príncipe sem castelo, amante sem pátria,
O que deve dar somente mais um passo na esperança de estar chegando...
E liberar sorrisos quando na ausência da claridade se ouve uma voz conhecida,
Podendo deixar novamente o espelho revelar os segredos da alma, com apenas um olhar,
Sentindo-se aliviado ao respirar em meio a um abraço que aquece,
Destruindo um ser impessoal, conhecendo e sendo a única estrela que fará aquele céu brilhar.