Estações ou A Inesperada Virtude dos Círculos Viciosos
Um amor de ciclos, amor este meu por ti hediondo, por horas absterso, decadente e gélido, todas características revividas e intensificadas a cada estação vindoura. Algo místico, do qual não tenho sequer adjetivos pra dizer o porque disto.
Visto que já é decorrente...
I - Primavera - Absterso
O inverno jaz é passado
O que sinto é a sua poesia preenchendo
Minha alma fria e cansada
Poetiza - me com suas poesias
Pois toda prosa é válida,
Limpe-me da sujeira que tenho no corpo
Com seus pensamentos de pureza eterna
Aprecio-te como a mais bela flor da primavera
Que se desenvolve de forma abstersa
O céu limpo traz as boas novas
O sol sorri pra ti, e dele vem o verão.
II - Verão - Hediondo
Esperas que lhe supliques algo?
Sim, lhe darei meu coração em uma bandeja de prata
Se deleite na carne macia, sinta meus batimentos
Quentes como o calor do verão
Asqueroso como minhas vísceras
Tome todo meu sangue e se lambuze
Minha fala sai para fora como palavras escritas no ar
Em púrpura, diretamente para seus lábios favosos
Fartos, os respingos caem como as folhas amareladas
Do vindouro outono.
III - Outono - Decadente
Sou como as folhas da árvore
Nesta época caio, me sinto velho.
O vento zomba e faz redemoinhos
Outros pés patinam sobre mim
Andam com meus sapatos
Vivem a vida que eu não vivo
Decadente, condenado
Junte-se, esta é a última chance
De ver o fim do outono
De ver o céu alaranjado...
IV - Inverno - Gélido
Penumbra, sinto o seu perdão
Agachado no canto, quieto, mudo...
Inundado pelo silêncio gélido
Esta vida é curta e difícil de entender
Porém aproxime-se mais
Deixe eu lhe contar um segredo sobre ela
Sobre os corações que vivem do inverno
Sobre as mentes que anseiam por escuridão
E principalmente sobre a forma tosca de se amar
E talvez tudo ficará bem
Pois a verdade libertará a sua primavera.