O OUTRO LADO

Sou eu quem acaricia a vida e se encontra resguadado.

Sou eu quem soluça um pranto e pratica a gargalhada. Sou eu.

Sou eu quem se alimenta de espaços e conquista a solidão, mesmo abraçando rostos em plena multidão.

Sou eu quem beija o desconforto e se conforta na compaixão.

Sou eu quem sempre chega sem escolha de caminhos, sem se dar conta de distâncias e quem mergulha no infinito, alçando voo para ansiedade.

Sou eu quem se apaixona sem o compromisso do acerto, sou eu.

Sou eu quem aguarda as manhãs sadias, quem tem fome e não alcança a fruta, quem busca, quem chora, e se despe para um colo desafiando o próprio amor.

Brevíssimas palavras tão breves que o encanto silencia.

Curvar-me-ia aos santos protetores, de minha, de vossa proteção ainda desprotegidos.

Sou eu um pouco da cólera dos ventos como se cantasse, na mais plena harmonia, jamais desafinada, o canto dos pássaros.

Sem lamentações, sem tempo de ter tempo, assim sou eu.

FERNANDO VARELA

Fernando Varela
Enviado por Fernando Varela em 09/09/2016
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