CORPO E LATIFÚNDIO
O teu corpo é um latifúndio que eu hei de defender
dos olhares cobiçosos.
Do vício lascivo, do fácil prazer.
O teu corpo é latifúndio que eu sei como proteger
da cólera dos bárbaros e dos invejosos,
da língua serpentária dos maledicentes.
O teu corpo é um latifúndio onde fiz minha plantação
e é por ele que eu vivo,
por ele também posso morrer.
Porque do que eu como, outro não come,
do que eu bebo, outro não bebe.
O teu corpo é onde me sacio.
É a minha eucaristia.
O teu corpo é latifúndio produtivo
que nenhum grileiro atrevido
há de meter as mãos.
Deus me livre do pecado do homicídio
em que meu ciúme poderia incorrer.
Deus te guarde contra a paixão, para que assim
minha vida possa ser longa e agradável
e a morte não me traga desesperação.
O teu corpo é o latifúndio, do qual sou o único latifundiário.
Nesse teu corpo amado não permito invasões.
Tenho a posse por escritura e a chave
que, sem forçar, abre esse coração.
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Sou tua para sempre, meu latifundiário!
sinto-me protegida com tua presença
Guarde-me em um imenso sacrário
Sou feliz com tua benquerença
Não te preocupes com os difamadores
Só tenho olhos para o nosso amor
Esqueça esses vis caçadores
Venha, para em meus braços, se recompor
Esqueçamos o mal que existe no mundo
Serás sempre dono desse coração fecundo.
(AnnaLuciaGadelha)