Amar de olhos fechados
De punhos cerrados
Em silêncio
No escuro
Entre as lágrimas

Amar em surdina
Por detrás das cortinas
Abaixo das convenções
Subterraneamente
Ilicitamente

Amar exponencialmente
A projeção impossível
O limiar inatingível
As reticências
e os erros imperdoáveis.

Amar o demasiadamente humano
o burlesco,
o bizarro,
o anti-estético
o cisco
o cometa
a estrela e a lua.

Amar sobre as areias do deserto
Amar a seca
As folhas secas
Os espinhos de cactus
A rosa despetalada
E o polén perdido.
Os insetos em exame

Amar a primavera precoce.
O inverno glacial.
O outono a nos envelhecer

E amar por não ter escolha.
Pois viver é amar solenemente
nem que seja em negação
inconsequente.

Amar os contrários,
os paradoxos
e a inconsciência
nossa de cada dia.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 07/09/2016
Reeditado em 12/03/2018
Código do texto: T5753677
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