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(Imagem do Google)

 
VENTO  SUDESTE
Odir Milanez
 
Escuto o vento enquanto a noite tenta
fazer-se fria e me afastar do mundo
feito todo de mar, de um mar profundo
que rasteia no raso, em vaga lenta.
E o vento inventa sons, e me atenta
com uma voz de mulher, quase inaudível,
provinda de além-mar, que faço crível,
mesmo que saiba ser desordenado
do vento do sudeste algum recado
perdido na distância inatingível..
 
Escuto o vento, enquanto a noite alerta
o lucilante das estrelas guias,
enquanto o mar me embala fantasias,
enquanto a musa dentro em mim desperta.
Noite sem lua, lúbrica, deserta
nos excertos do tempo irredutível,
a me falar de amor quase impossível,
muito embora eu já tenha descartado
do vento do sudeste algum recado
perdido na distância inatingível.
 
A voz do vento escuto. Chego ás raias
das crenças do que espero ele me traga.
Rugidos roucos rosnam cada vaga
rolada pelo mar no vau das praias.
O vento, agora, arvora-se em gandaias
nas palhas dos coqueiros. Desce o nível.
Já não vem de além-mar, é mais cabível
concebê-lo terral, sem ter restado
do vento do sudeste algum recado
perdido na distância inatingível.

Escuto a voz do vento e fantasio
frases querentes que não foram ditas.
Desapercebo as vozes de vinditas
que se perdem nas sendas do vazio.
Só não lhe escuto mais o vozerio
das nereidas de canto seduzível ,
suscetível de credos, suscetível
de conceber, num sonho delirado,
do vento do sudeste algum recado
perdido na distância inatingível.
 
 
JPessoa/PB
05.08.2016
oklima
 
Sou somente um escriba
Que ouve a voz do vento
e a versa em versos de amor...
 
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oklima
Enviado por oklima em 05/09/2016
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