A passagem da eternidade
Horas passam
Séculos passam
Milênios passam
Todos os tempos passam...
Menos você!
...Ah! Justo você, você não passa!
Como me sinto fraca!
Homens morrem
Mulheres morrem
Crianças morrem
Todos os que vivem morrem...
Menos você!
...Ah! Você, que está há muito tempo morta!
Hoje é uma flor, a mais bela, em minha horta!
Cidades caem
Governos caem
Reinos caem
Todos os controles caem...
Menos você!
...Ah! O seu controle é eterno sobre mim!
Hoje sou sua serva eterna, enfim!
E todos esses dias sem você,
Procuro a razão para o meu viver,
Uma inspiração para o meu escrever.
Se veja pelos olhos de quem me vê:
Porque quem me vê, vê você.
E não há um dia que não me pergunte o porquê
De, desde aqueles dias, nunca mais poder te ver...
Você foi a única que meu coração pôde entender.
Se a chama em você novamente acender,
Venha ler encontrar alma, meu espírito conhecer.
Ninguém nunca foi mais bela
Que uma certa jovem donzela.
E por toda a face da Terra,
E através de todas as eras,
Você foi a única a quem fui serva!
E o amor que a nossa história sela
Foi sendo construído devagar, sem pressa.
Todos os dias era animação, era festa,
Todos os dias eram para se cumprir nossa promessa
E agora que tudo se foi... nada mais me resta.
Agora a eternidade está vazia
Sem o amor que me dava alegria.
Não tenho mais o sorriso que contagia
O feitiço se quebrou, não há mais magia.
Agora, só o álcool repõe minhas energias.
E viver tentando realizar essa fantasia
De nada adiantaria: felicidade fugidia.
A vida que construísse não seria mais minha:
Retalhos costurados a agulhas e linhas...
Uma peça falsa, sem nenhuma valia.
Quero ouvir toda a verdade:
Não me ame por caridade!
Mas não me tenha inimizade...
Só não quero mais falsidade:
Eu só queria a felicidade.
E a passagem da eternidade
Não dói mais que esta saudade...
Me arrependo de toda a maldade
Que cometi na mocidade
E me pune nessa idade.