GATO PERSA
Vago deste amor, atento a tudo,
Como Hórus que vê a dúbia palma,
Não serei, amor, essa empresa
Que a tragédia grega encena.
Da alma que delirante trafega
Entre mundos incertos da canalha,
Eis que me espalha a noite no sangue
E exangue me cobre a vil mortalha.
Podereis dizer "morreu tão jovem..."
E eu serei então justificado
Quando do Egito a nau dos delirantes
Atravessar o norte do estige.
Assim, ó vida que ultrapassa,
Terei do amor a égide erguida
E enquanto houver inverno ao norte
Mais fria se tornará a minha sorte.
Adeus ó rainha de Pátmos,
Adeus pirâmides e efígies,
Da liteira que me leva sou escravo,
Deste amor que me mata sou esfinge.