O MOTIVO OCULTO DO AMOR DELA

Desde sua existência,

Sempre adorou o úmido

Não conseguiu se libertar da umidade,

Nunca.

Ainda parece ser escravo dela.

Recatado ou com medo de se expor,

Manteve-se e se mantém na obscuridade.

Não sabe ou não quer saber de sua importância.

Pobre dele?

Não, ele sabe de sua força.

Daí, sua modéstia.

Vivendo numa fresta úmida

Sequioso, mas sempre carente de umidade,

Espera o momento certo,

Para mostrar sua força:

Vez em quando,

Comove-se ou contem-se,

Segundo sua conveniência,

Recolhe-se ou cresce,

De acordo com sua querência.

Se o olfato, o olhar ou o toque,

lhe convém,

Exaspera-se, agiganta-se e não se contém.

Vara seu reduto,

Rompe seus limites,

E umidamente,

Se expõe,

Para mais umedecer.

Recebe sua metade,

Seu parceiro.

Excita-se e cresce.

Feito louco,

Fica mais umedecido.

E, feito criança,

Entra na brincadeira.

Desobediente e incontido,

Abre passagem, com sua umidade.

Para o parceiro, na fresta,

Para que sua metade,

Lhe faça massagem,

Preparando seu gozo.

Soberano, mas contido,

Irriga mais o ambiente,

Fazendo deslizar,

Com suavidade,

A metade carente

Facilita, empolga e provoca,

Até que uma fome insaciável de prazer,

Explode em gozo.

Saciado,

Ele recolhe-se,

Para esperar um novo tempo,

Uma nova provocação.

Não se engane o incrédulo,

Ele estará presente.

Úmido, sequioso e atraente.

E entre as pernas dela,

Aguarda você,

O parceiro, o amigo, o amante,

Para mostrar pro mundo,

Que amor não se faz,

Com “amor” ausente.

Por mais que se queira,

Ele nunca sairá da toca.

Oculto, sempre viverá.

Afinal, a natureza lhe protege.

Mas...

Nunca nos enganemos:

Pequenino, soberano e imponente,

Ele sempre balizará o gozo,

Dele, nem tanto,

Mas, dela

Sempre.

Se quiserem saber o nome dele,

Perguntem a uma mulher.

Ela sabe de seus segredos.

De sua umidade e de seu desejo permanente .

Rui Azevedo – 21.07.2007

Rui Azevedo
Enviado por Rui Azevedo em 21/07/2007
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