JOGAR PEDRAS
Joguei a primeira pedra n’agua: não deu em nada,
Era tão pequena, e a segunda também,
E a terceira era menor, qual um pedaço de tábua,
Parece-me que tudo que não me molha é ruim,
Assim como todas as que tentei;
E se elas trouxessem o mar até mim? Estupidez!
Voltei pra casa, um apartamento de fumaça,
Ficarei, apontado com todo mal-estar,
Esperando pela queda da onda sobre minha carcaça,
Pois nenhuma pedra me faz acreditar,
Até o momento que descrevo,
Que sobre meu ombro esquerdo
Haverá tanta água quanto pude imaginar.
Ao final, de tanto morrer enxuto,
Uma do tamanho do céu cairá de lá,
Me sendo tão água quanto meu pensamento,
E então saberei o que são pedras pequenas,
E o que quis dizer com a água.