O DIA E A NOITE
Naquele desembaraçar da aurora,
o dia brigou com a noite
num limiar de extrema unção
para abraçar o eterno sereno,
que vislumbrava de tanto ardor e
expandia-se em vibrante fervor adoçicado.
Por máxima junção de dois pólos,
diferentes por mera ocasião,
num fechar e abrir de olhos
a noite queria ser dia e,
o dia se impôs em rebeldia.
Grande desilusão houve então,
pois os dois símbolos da energia
se amavam com pureza exótica.
Idolatravam-se e tinham o mesmo dom.
Simplesmente queriam ser felizes.
Felicidade que jamais ninguém ousaria,
nem sequer entender a sutileza,
pois somente seres de gigantescas emoções
entenderiam o que seria esse estranho amor.
Amor que vem de brigas castas,
mas inconfundivelmente amar sem se poder tocar.
A vivência mais bela de um todo
é ter certeza da infinita sutileza
de dois elementos preciosos,
apaixonados e ao mesmo tempo magoados,
porque não se podem ter,
porém,aceitam,amando-se ao longe.