SINESTESIA DO AMOR

Será um dilúvio?

O que seria então?

Seria eu, capaz de discernir fantasias da realidade?

Ah, quem me dera que fosses tu

Quem dera fosse eu

Quem dera fosse a gente

Coloco-me a esquiva

Não contendo os movimentos

Incontroláveis sentimentos

incandescentes

Tão floral és o teu cheiro

Que aflora meu respirar

Que conduz a luz do meu olfato

Entrelaçando os raios

Que embaraçam minha visão

Aludidos por uma emoção

Possuo olhos ardentes

Não sei se pelo cheiro

Ou se é dessas coisas psicológica

Que a mente sente

Eu só sei

Que estupidamente

Eu te vejo em minha frente

Traçando aquele velho trajeto

Porém contrario

Já percorridos em nossa contramão

Voltados para o passado

Fixados no futuro

Tão rasos e inseguros

Ainda assim

Não descarto a possibilidade

Em desdenho da saudade

Que há uma ilusão covarde

À me atordoar

Aah, cegueira ocular

Seras tu?

Capazes de me desestabilizar?

De me infringir

E me quebrar

Sigo tua silhueta

Vejo coisas que nem o coração viu

Mas olha, ele sentiu

Ah, e como sentiu

Continuo a focar

Me convém sufocar

O escuro olhar

Esboçado

Possues a cor do meu agrado

Preto

Tu vestias preto

Ao lado do mar

Tornando escuro o profundar

Cheio de segredo

Turbilhão de sensações

Me despeço sem levantar

Apavora-me te recordar

Me corroí te olhar

17.08.2016