Almoço, morena!
Lava a roupa, mulata.
Encantos na beira do rio,
mistérios de amor e cio,
meu olhar flamejante de meio dia
de procura e desejo.
Lava a roupa e bate forte,
balança assim que tudo se merece,
provoca assim que os corpos agradecem,
mais água,
mais pele,
mais suor,
mais cabelo para enroscar
tanto devaneio que já não cabe cá no peito.
Gozo e versos na ponta da língua.
Vestes amassadas na beira do rio.
Lava os pés, mulata,
mas pisa devagar,
que a terra boa é prudente
e teu vaqueiro é chucro e orgulhoso,
mas menino em teus braços
e sabe que é hora de refeição.
Pede água,
pede corpo a corpo sobre a areia molhada,
pede licença.
Almoço, morena.