Do que sou...Depois de você

Sou dos mares

a mais aconchegante sensação

A vida a desfiar-se em conchas

Pequenas pérolas

Mar em agitação.

A brisa a soprar no rosto

Dos ventos a renovação

Que trás a mudança

Sementes a caírem no chão

E transformam-se em mudas

Flores que brotam em perfeição.

Sou do tempo os minutos contados

Cada segundo roubado

Cada instante sagrado

Desde o canto do galo

Aos grilos no jardim a criquilar a noite toda

Numa melancolia que causa dó

Sou o mais pequeno raio de sol.

Sou do tempo a morna ânsia de deter

Esvaindo-se no horizonte ao dia nascer

E retornando em esperança esse tempo de guardar.

Sou a viva fé de nunca falhar.

Sou o silêncio que grita

E emudece o que fere, sobrando em lágrimas

Choro estampado que diz em versos tristes

o quanto se poderia amar.

Silêncio e ais

Ambivalências que sente e retrai

Amor, saudade, dor e paixão

Sou solitário coração.

Memória que guarda resquícios de um beijo

Abraços intermináveis que curaram uma alma

Hoje longe de quem a ama leve e fugaz.

Depois de você

São lembranças de um amor remoto que nunca se esvai.

Paula Belmino

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