A PAPOULA E O JARDIM DE MARIANA
A sombra da realidade bate na parede,
Ela dança no pó de decadências.
A realidade é uma rede vazia,
E a rede é uma mulher que espera ser balançada com carinho.
Os tijolos com cimento duro, o tijolo duro com fezes de traças,
Nada nesta vida lembra a mesma sombra da lua.
A sombra do sol que queima na fronte da mãe,
Nada lembra os mesmos balançares do passado da criança que nasce morta,
Mas sorrindo a mesma criança, ainda ora no vasto silêncio dos seios da esposa traída.
A sombra desenha triste imaginação de um demônio,
Demônio este que dilacera os sonhos das baratas.
Tudo nesta vida é um constante suicídio.
Onde está minha namorada?
Onde se encontra minha sorte?!
Porque, do adeus do Pardal...
A sombra esconde uma montanha feita de pedra e café derramado,
Derramado café que banha o sexo dos adolescentes.
Nada neste mundo é o que é, mesmo as formigas mentem.
Onde está a espada que corta meus pulsos?
Onde está o revolver que me enche de pesadelos?
Nada de minhocas na minha sopa!
Nada de minha água suja com vinho!
Pois o adeus dessa manhã das sombras na parede esconde a beleza da arte que esqueci num quadro tosco e melancólico.
As sombras constroem uma melodiosa loucura,
E a rede é vazia.
E a rede é morta.
E o pecado se fez no sono.
O sono dos infernos do passado,
Pobre moça de cabelos castanhos, morreu sem entender o que é um poema apaixonado.
Você acredita que está vivo?
Você acredita que entre as suas veias existe sangue?
Existe sangue! Existe terror! Existe estigma de lágrimas...
Mas eu não posso beber este sangue,
Porque, tudo que flui do meu coração e descanso e horror das emoções que não me acodem por um beijo...
É lamúria, é viscoso sentir, é sonho que os dias levam,
E nada transforma uma borboleta em uma nobre cigarra.
As cigarras morrem já as borboletas são vampiras...
As sombras na minha rede,
As sombras na minha rede?
As sombras na minha rede!
As sombras na minha sombra,
As sombras da rede em sombras de sobrares.
As trevas levam mil anos para explicar a luz.
Mas a luz escreverá cem mil sonetos para denunciar as trevas.
Zoada de abelhas que mordem defuntos,
Defuntos que comem os prazeres dos noivos,
Nada neste mundo é sentido com a verdade que negamos por afã filosofia de embriagados...
Pense na fantasia dos carrapatos,
Pense nos desejos dos pulgões,
Pense na loucura dos gatos,
Pense que tudo é um furacão que arrasta os velhos a fonte das delícias da juventude...
Tudo é bom menos o bom que suponhamos ser.
Nada é normal, e a rede de encantos e de silêncio acolhe os cansados da labuta das misérias.
Sonhe com esta poeira que adentra tuas narinas.
O suicídio é a fuga dos fracos, mas a morte é a honrosa recompensa dos santos.
Lute meu amigo e faça sexo.
Faça sexo minha amiga e não use batom.
O encanto da parede estática que esconde olhares é absurdo...
..., o encanto da parede que atropela o vento é fascinante...
..., onde estarei quando viajar no encanto da aranha cega?
O precipício de pânico me assalta,
É, os insetos constroem o segredo das eras.
Viva a sombra que me mata, viva a sombra que me acorda nas madrugadas de luares e flertes audazes.
Acredite o amor não faz sentido. Mas, a paixão quando morrer só morrerá uma vez.
Nós estamos vivos?
Onde está o solar de glória dos deuses?
Onde está o amor das sedutoras gárgulas?
Onde está o dragão que me iniciou?
Onde está o maçom meu pai?
Onde está a espiritualista minha mãe?
Onde está o satanista meu avô?
Onde está minha vida nisto tudo que é imaginação tola e vazia!?
Viva a modéstia dos anjos?
Viva a humildade dos hipócritas?
Façamos sexo não burocracias.
Eu busco o amor.
Eu busco a vida.
Eu busco a mim mesmo.
Eu te busco não sem si achar.
Eu busco, mas sou ingênuo...
... Ó Deus salva-nos desta tolice chamada covardia em caridade e luz!
O amor vencerá,
Mas, quando ele nos vencer seremos então cobras a parlar poemas sem prantos e agonias.
Deus onde tu estás?
Em mim?
Neles que passam sem olhar a calçada dos sozinhos?
E quem, eu não sei o tempo levou?
As sombras balançam devagar, é a mornidão do hoje, e nada mais poderá atingir a cúpula das deusas em fogo de amores.
Em fogo de amores Ó doce Mariana.
Doce Mariana ressuscite, viva novamente Mariana, viva no pôr fim do sol que me envolve no invisível das fabulas gnósticas...
Sou o ateu do findar do nono milênio.
Sou o cristão a sofrer o derradeiro holocausto.
Sou o muçulmano a recitar o último versículo.
Nada é o que é, e as sombras balançam no redemoinho de sangue morno.
Na vida ou se vive uma vez, ou se escreve todas as encarnações de puras ilusões, que vos renderá o apogeu de vermes.
Porque, a rosa mística desabrocha no mel de tua boca ó bardo de fogo.
O jogral de Mariana é minha inspirada verdade.
Os poetas são eternos.
Mariana é meu amor que busquei na depressão de dedos fadigados pela palavra “Orquídea” e “Alma com dívidas”.
Salve o dançar das estrelas.
E o amor é apenas um detalhe de pessoas zonzas.
Escute o chamar dos espíritos.
A poesia construirá nossa paz...
... Doce Paz, que se faz em um meigo cafuné sem ansiar nada mais.