Poema 0479 - Perdi você
Não existe nenhum infinito dentro deste meu mundo,
eu criei a música do silêncio que meu amor plantou na solidão,
não sou o sol que desdenha do amor da lua antes do alvorecer,
nenhum êxtase resiste ao escuro, como a margem ao rio que corre.
Minha paixão é como o movimento do vento que nasce na montanha,
risquei meu caminho com faíscas de fogo quando fui às estrelas,
pensei em ser sol, enquanto foi minha lua, marquei um encontro,
o fogo queimou antes do final, sorri da sua pouca vontade de ser feliz.
Comecei a perder quando a sua imagem se apagou dos meus olhos,
perdi quando a noite veio antes da manhã seguinte ao encontro,
nasceu o gelo entre os corpos e o fogo foi abafado pelo não,
planos deslizaram pelo papel até ir ao chão, se perderam, perdi.
Perdi a lua em meio a um céu que construí com meu amor,
perdi o rosto da mulher que amo para um escuro invisível,
perdi meu ritmo quando palavras sem nexo soaram dentro do ouvido,
perdi meus movimentos do coração, perdi meu coração para a solidão.
Voltarei a ser vento em meio às minhas tempestades de desamor,
guardarei minha energia para um outro que vier depois desta geração,
esperei séculos para mostrar meu amor, ela não acreditou, perdi,
perdi minha ilusão em meio aos meus mais profundos versos de amor.
06/10/2005