Ontem Eu Soube de Ti
Ontem eu soube de ti
quando sol declinava sobre a serra
num esplêndido ocaso
de rubor primaveril,
quando o girassol sobrevivente
não depôs o seu velame
para ancorar no pôr-do-sol.
Eu soube de ti na elegia
da cigarra solitária
que habitou a casuarina.
Eu soube de ti
no canto do bem-te-vi
e no silêncio provisório
do mar harmonizado.
O entardecer se fez repleto
de luzes e gorjeios
como se a natureza conspirasse
em favor dos que se buscam...
Como se a poesia preparasse
uma noite para amar.
É sempre assim...
Muito antes de chegares,
todas as coisas que me cercam,
avisam-me que tu vens.