OCEANO DE LÁGRIMAS
Oceano de lágrimas, naufrágio de sonhos
estilhaços de uma história pelo chão
espelho sem reflexo
desfecho sem nexo
estagnada a alegria, ecoa na alma a sinfonia da desilusão.
Juntar, com as mãos trêmulas, os cacos
colher nos lábios pálidos e amargos
palavras doces que amenizem a dor
chorar sozinho na eminência do ocaso
transpor a água destes mares com um simples vaso
padecer o opróbrio do desertor...
O choro que não cala, o tempo que não volta
mãos que agora tocam o abstrato
convertido em repulsa o contato
paira no ar gélido clima de revolta
Paraíso transmutado em um abismo de lástimas!
Mas, mesmo opaca, uma chama brilha por entre as lágrimas
tímido, deixa-se notar do coração o compassado estrondo
O amor ainda está vivo sob os escombros
o carinho nunca esteve ausente
O amor é castelo de areia, mas duro na peleja
acalenta quem o corteja
Faz a calmaria voltar lentamente
Desperta a força, acolhe e conforta,
enfrenta vendaval e tempestade
Na bonança ou em meio à adversidade
Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta!