SALIVAR

São afetos, gestos, risos que não se podem traduzir ou explicar,

Que transcendem as palavras que por mais bonitas são letras que não podem acariciar,

Quem vem um passo à frente tem acesso ao tímido brilho deste olhar,

Sem saber se este amor é o correto, mas que se joga a arriscar.

Estes risos fáceis, bobos, doces, que ao calar troca olhar,

Agride a alma quem não permite e se furta a acreditar,

Felizes os lábios se encontram e a língua dança a salivar,

Os braços apertados dentro da camisa queima no calor da pele a tocar.

Cada passo com você, parece verso certo a me proteger,

O seu cheiro estampado em minha camisa, não permite esquecer,

Desconsertado olhando o nada tenho risos sem querer,

A memória como foto passa a cada instante a revirar.

Um querer constante, eufórico, arde para repetir,

Precipitado, adiantado, visando antecipar,

Sem perder o tempo, se lançar no vento e aprender voar,

Como os sonhos que os seus beijos podem despertar.

Leonardo Guimarães Rosa
Enviado por Leonardo Guimarães Rosa em 19/07/2016
Código do texto: T5702949
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