A Sofrência de um Piegas
Deitado na cama, meu cérebro me alerta,
O sol radiante lá atrás dos passarinhos,
Que minha atitude não é muito esperta,
Que ela é a mesma dos piegas sozinhos.
Mas que farei eu sob a sombra dessas aves
Se minhas referências são paixões de livros
E roteiros, nunca fora de meus enclaves?
Na vida de amor eu nunca vi outros tipos!...
Como fingir que não estou apaixonado?
Que não amo seus pés, seus cabelos, e tudo?
De que modo agirei senão do delicado?
Como não versar este sentimento absurdo?!
Oh, minha princesa, eu não sei que fazer
Para calibrar as declarações gritantes
Que teimo em fazer, em fazer, escrever,
De formas românticas tão extravagantes!...
Deitado na cama, eu não sei o que fazer,
Pois por mais cobertas que estejam a esquentar
Meu corpo gelado, eu só quero você
Aqui comigo para jamais a soltar.
Cem passarinhos azuis piam à janela,
Mas não entrarão porque buscam a princesa;
Gritam desesperados: "Ela!, Ela!, Ela!"
Pois só ela é a rainha da beleza!...
"Saiam, passarinhos, só eu estou aqui!"
Grito para a janela, mas gritam mais comigo:
"Injusto é que guarde a princesa para si!"
Mas ao ouvi-los passo a chorar por carinho.
Carinho da princesa, só dela, só dela,
Que não está aqui adormecida ao meu lado;
Choro mais por saber que não mereço ela,
Jamais me deixaria ser seu namorado!...
Feio!, Estragado!, grita a mim o meu espelho,
Maricas!, Piegas!, grita o travesseiro -
Como poderei amá-la sem desespero
Se em tudo o que sou eu sou sempre assim tão feio?
Não posso, digo-lhe, sendo honesto comigo,
Deixar de combater sua partida iminente;
Cada dia é uma luta para que comigo
Fique e trate mais um pouco desta alma carente!...