Rua da ilusão
Ainda insisto na mesma rua,
pensando em vê-la no seu portão.
Mas hoje a imagem que ali flutua
é mera e persistente ilusão.
A sua ausência definitiva
deixou em mim este olhar tristonho,
de quem anda no mundo à deriva
na busca de inatingível sonho.
Quisera reviver um instante
do que já fomos nós um para o outro
e vê-la uma vez mais, fulgurante,
vir naquela rua ao meu encontro.
Percebo tudo com precisão,
como se fossem os mesmos dias.
No entanto é só alucinação
do que antes na mesma rua eu via.
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N. do A. – Na ilustração, Imersa no Amor de Pino Daeni (Itália, 1939 - EUA, 2010).