Declaro-me a ti, filho do carbono
12h08min. 12h09min. 12h10min. 12h14min. Pronto. Lá estava você. Na mesma hora e no mesmo lugar. Na mesma calçada e com o mesmo andar. Andar de alma leve, solta. Alma fina como a sua não é originária desse planeta. Com o cabelo que me lembrava a música de Caetano. O sorriso que você desferia contra mim indiretamente era pura covardia. Como eu seria capaz de continuar a viver depois disso? Virastes minha paixão platônica, não no sentido inalcançável da expressão, mas no sentido de as chances de nossos caminhos se cruzarem serem menores que zero. Eu, que nunca fui fã das ciências exatas, passaria a calcular todas as probabilidades de ter você em minha vida.
Por caminhos cruzados, uma caipirinha com vodca no lugar certo e uma conexão de amigos em comum; havia te encontrado. Poderia chamar isso de destino, mas não me atreveria. Não, não tão cedo. Havia me tornado mais receosa e mais cautelosa com o passar do tempo e com o peso das experiências vividas. Tentava ao máximo dosar as minhas expectativas e idealizações, mas tudo se desfazia no momento que punha os olhos em você. Quem é você? Por que sinto que nossas almas já são amantes de longa data? Dissesse isso a um cético, capaz de jocosamente rir da minha cara. “Minha menina, como és capaz de acreditar em tal infâmia? Não existe tal coisa como destino ou vidas passadas. Tudo que experienciara até agora não passa da liberação de oxitocina em seu organismo.” Talvez, sim. Mas como hei de negar o descompasso em meu peito? O sentimento de que, em alguma realidade paralela, nossos átomos já se chocaram uma, 28, 9 bilhões de vezes? Agradeço a Heisenberg e Schrodinger por essa teoria; havia visto o Universo em seus olhos, e por um momento, não pude sentir o ar em meus pulmões.