Poeminha de amor
Uma espada antiga atravessou a noite
Com uma cantiga e um golpe mortal,
A lâmina fria tal qual um açoite
Do vento quebrado do antigo quintal.
Não era meu sonho que havia perdido,
Não era meu sono, nem drama, nem causa,
Apenas uma espada trazida do gelo
Que conserva a dor por dentro da casa.
Olhei para fora, janelas abertas,
E a dor incerta oprimia meu peito,
Triste espada fria que vem e que acerta
Lembranças perdidas de um amor desfeito.
Sangra-me os lábios, os olhos tão turvos,
Meus passos tímidos no clarão da lua...
Termino meus dias com cruel estorvo
Sem ter alegria, nos bares, nas ruas.
Se essa memória me trouxesse a amiga,
Se essa canção não fosse tão ingrata,
Não teria a noite essa imensa fadiga
Dos golpes fatais da espada que mata.
Não quero, amiga, tua mão de pena,
Nem quero teus ombros apoiando em mim,
Só quero que sinta neste meu poema
O amor que morre nessa dor sem fim.