O Furacão e a Brisa de Verão

Eu era um furacão

E ele era uma brisa de verão

Era tão óbvio

E estava escrito nos pergaminhos de todos os deuses

Que um furacão não poderia amar uma brisa

Não importa quão cálida soprasse

Não importa quão gentilmente passasse

Diretamente sobre o olho do furacão

Tornando impossível olhar para qualquer outro lugar

Eu era um incêndio em constante ignição

E ele era como água corrente

Era tão óbvio

E todos os cientistas chegaram à mesma conclusão

Que fogo jamais poderia apaixonar-se pela água

Não importa se somente ela era capaz de acalmar a chama

Não importa se somente ela era capaz de apagar as fagulhas

Que machucavam a si mesmas de tanto chamuscar

Tornando possível pela primeira vez descansar

Eu era um salto em pleno ar

E ele era terra firme

Era tão óbvio

E comprovado por todas as profecias e premonições

Que apenas no Apocalipse ar e terra poderiam se encontrar

Mesmo que suas palavras cautelosas sempre encontrassem eco em minha louca imensidão

Mesmo que quem pule no abismo precise um dia aterrissar

Tornando-se uma história que até então ninguém ousaria contar

Eu era alguma coisa querendo voar

E ele era outra coisa sonhando pousar

Era tão óbvio

Forjado pelas leis que regem o próprio Universo

Que toda essa contradição não poderia dar certo

Mas alguém precisa explicar tudo isso ao meu coração

Que, louco apaixonado, em nenhum dos versos prestou atenção