Ainda

Às vezes releio uns poemas de nós dois

Mergulho de cabeça nos idos instantes;

assusto ao deparar co’a mesmice depois,

nada mudou, ainda te quero como antes...

O amor zomba dos ventos desfavoráveis,

singra escuro oceano, com suas caravelas;

Muito acima dessas tolices biodegradáveis,

Que afundam no mar, mesmo sem procela...

Assim, resolutos, resilientes, veros sentires,

Nos fazem palhaços sem um matiz, cômico;

Quando céus da vida oferecem um arco-íris,

Inda olho pra você, seu olhar monocrômico...

Amor, doença terminal que não termina, pois,

Tampouco, algum lenitivo faz que doa menos;

aí quando releio um velho poema de nós dois,

admiro, à grandeza do amor que não vivemos...