ESFINGE
Ouve-me a cacofonia
da alma
na cinzenta manhã
da vida.
Sente como se me
enraizou
a sincera inocência
perdida.
Descortina, sob
os desatinos,
a áspera essência
escondida.
Lumia, sob
a bruma,
a tênue luz
suicida.
Decifra, sob
a pluma,
os ermos da ave
ferida.
Desvenda-me por
completo
o verso
da carne
e o mistério
do espírito.
E compreende,
enfim,
por que me visto
arlequim,
e não te posso mais
ofertar,
em teu cândido
sonho,
um falso
querubim.
Mas, mesmo
assim,
não me negues o cálido
abraço,
porque a silente
dor,
a essa guardo só
pra mim.