ESFINGE

Ouve-me a cacofonia
da alma
na cinzenta manhã
da vida.

Sente como se me
enraizou
a sincera inocência
perdida.

Descortina, sob
os desatinos,
a áspera essência
escondida.

Lumia, sob
a bruma,
a tênue luz
suicida.

Decifra, sob
a pluma,
os ermos da ave
ferida.

Desvenda-me por
completo
o verso
da carne
e o mistério
do espírito.

E compreende,
enfim,
por que me visto
arlequim,

e não te posso mais
ofertar,
em teu cândido
sonho,
um falso
querubim.

Mas, mesmo
assim,
não me negues o cálido
abraço,

porque a silente
dor,
a essa guardo só
pra mim.
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 08/07/2016
Código do texto: T5691641
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