O Perfumista
Ele passeia pelo campo, busca o cheiro das flores no vento.
Ele enfeita os frascos e as caixas porque sabe que sua alquimia é um presente para alguém.
Ele traz um mundo em notas, ele guarda a essência da poesia no tempo.
Ele traz uma fruta para completar uma flor
Ele combina a madeira com um pouco alguma folha verde
Ele junta seus sonhos e um amor
Eu senti seu perfume quando chegou
Era o perfume de uma rosa aquecida na sua pele
Ele trazia um sorriso e um pouco de alegria em mim deixou
Ele me contou sobre os cheiros que sentia e sobre os sonhos que cultivava
Sobre a vida e sobre o amor que procurava.
Eu trazia raízes fracas e folhas secas que do outono sobrou
Espinhos de amores passados e galhos machucados que o tempo ressecou
De nada do que eu trouxe se fazia perfume
E o perfumista se assustou
Tentou regar o que podia virar flor e alimentar o que ainda tinha vida
Mas o veneno dos meus espinhos ao perfumista envenenou.
Foi quando percebi que uma semente em mim ele quis plantar
Que floreceu e tudo perfumou
Dela fiz antídoto
E ao perfumista prometi seu coração guardar.