FENDA

FENDAS

Por Roosevelt Vieira Leite

A ferida antiga foi aberta; dela saíram cartas e telefonemas que me fizeram pensar que o sol se perdeu em algum lugar que eu não sei.

A noite com suas lembranças dilaceraram o tecido cardíaco que apesar de tudo insistia em continuar.

- Mas, andar para onde se tua cama ficou atrás?

- Mas, pensar no que está na frente não faz sentido se tua água ficou na estrada.

Os homens são pequeninos quando falamos de sentimento.

Os homens são meninos que nada podem quando na alma lhes pesa a mão da moça.

Não acredito que tu me ouças, pois, só sabe disso quem viveu na avenida ilusão.

Nela, tuas lágrimas são legítimas;

Nela, tua dúvida é verdade, e a mesma te engole com confissões de boêmio;

Nela, não se pode correr além das faixas já postas, ou dos limites que fazem a trama de tudo.

Há tramas no mundo!

Há trancas no coração!

Há palavras que enganam!

Há gente que cospe a semente que foi regada com gotas d´água de mina; líquido puro, genuína e preciosa substancia que inspira os moradores da terra.

- Não, não me fales mais de nosso passado!

- Por favor, nele não tenho legado; nem dinheiro herdado!

- Há um fardo que na vida seja boa ou sofrida todo homem mais cedo ou mais tarde terá que suportar – o amar e não ser amado!

Esta é a sentença para ti que creste na dona que passeava toda faceira.

Esta é a cadeia onde terás por preso teu peito crédulo, ou tua fama acorrentada aos beiços do povo.

- Dizes para mim “Onde está tua pombinha?”

- Não sei, ela se foi.

Eis que vejo a donzela cobiçada por homens velhos e novos. Os mancebos dançavam no ritmo de suas entranhas. Mas, ninguém se engane: “Toda vagina terá um preço; toda paixão traz consigo algum tipo de solidão”.

- Oh, homem de dores! Foge do vazio dessa dona!

Pois, no final de tudo isso te restará apenas lembranças opacas de uma sala vazia cheia de sombras inimigas.

Conheci um varão que amava sua bela mulher. Ele construiu um castelo quando ninguém acreditava que resistisse ao tempo de ventos fortes e assassinos. O tempo mudou; a ventania veio, e o castelo ali ficou; uma construção resistente que nem laços de parentes; coisa de família que unicamente a morte pode interromper, mas, nunca acabar.

Contudo, na mesa de um bar tu estás. Contudo, dentro de uma garrafa de líquido etílico aprisionastes tua vida.

- Oh, dor! Que batalha perdida!

Desci a ladeira da serra e comigo estava a cabocla do rio. Eu e ela nos beijamos na estrada; o céu sorriu e nós dois sumimos numa fenda do horizonte onde o sol se encontrava...

Roosevelt leite
Enviado por Roosevelt leite em 06/07/2016
Reeditado em 10/01/2017
Código do texto: T5689019
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