VENCIDOS PELAS IMAGENS DO MUNDO
… sempre voam
pássaros pelas manhãs de nossas
ruas,
sempre pousam
borboletas nos jardins e nos canteiros
de nossas casas,
sempre se deitam
anjos em nossas mentes, ao leito
em que com os corpos
nos prostramos,
nossos sonhos
sempre foram estranhos, profusos
e confusos;
nosso passado,
com o pretexto de nos melhorarmos
reciprocamente sempre
foi morto com novos
presentes imudos:
e às correntes
negras sequer conseguimos amordarçar
com nossas incautas línduas,
e as imagens,
as piores imagens fabricadas em nossos
esconderijos, pipocaram-se
por longos anos
em saraivadas
terríveis ditas um ao outro,
enquanto os amantes se diveriam e riam
dos dois tolos,
que,
resistindo juntos,
assim se foram em aliterações insanas,
até a recíproca morte
vazia.