A Flor
Despedaçou.
Pétala por pétala o vento levou.
E tudo, quanto jamais existiu, se desfez.
Nem a ilusão era mais a mesma.
As flores na mesa...
As luzes na escuridão...
Nada mais brilhava como antes
E a tragédia era a única que ainda sorria.
Gargalhava a mais lúcida das loucuras.
Insana e insensata.
Inimiga.
A flor jamais fora sua.
O amor jamais fora refúgio.
Refugiou-se na escuridão.
Acreditou.
A flor despedaçou.
Todas as flores...
Há tempos o amor regurgitou.
A palavra era feia, mas a realidade não poderia ser mais bonita que aquilo.
Desesperada tentou reunir as flores, como quem tenta montar um quebra-cabeças de mil peças
Mas faltava uma
A mais importante.
Faltava estar inteira...
Faltava montar os pedaços de si mesma, sem sangrar.
Faltava plantar flores dentro de si, que ninguém jamais pudesse despedaçar.